terça-feira, 25 de abril de 2017

As canções de abril (8)







Venham mais cinco




Venham mais Cinco é um álbum de canções originais de Zeca Afonso. Foi gravado em Paris com a ajuda de José Mário Branco e editado no Natal de 1973, sendo o último álbum de José Afonso antes da revolução de abril.

Na época em que este álbum foi concebido, Zeca Afonso estava a cantar um pouco por todo o lado como símbolo antifascista de oposição ao Estado Novo Português.

Muitas sessões foram proibidas pela PIDE/DGS e, em abril de 1973, foi detido no Forte-prisão de Caxias onde esteve até finais de maio.

Neste disco o cantautor assina algumas das suas canções clássicas, como "Venham Mais Cinco", "A Formiga no Carreiro" ou "Que Amor Não me Enganas", mas também alguns poemas quase surrealistas como "Rio Largo de Profundis", "Nefretite Não Tinha Papeira" ou o belíssimo (e também clássico) "Era uma Redondo Vocábulo". O poema da canção "Redondo Vocábulo" foi escrito no período de detenção em Caxias.




Venham mais cinco, de José Afonso, ao vivo no Coliseu de Lisboa a 29 de janeiro de 1983.

Tito Paris, Janita Salomé, Vitorino, Luís Pastor e Júlio Pereira, na Gala de Homenagem a Zeca Afonso realizada na Galiza (Pontevedra), por ocasião do 25 de abril de 2007








Venham mais cinco
Composição: José Afonso

Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já 
Do branco ou tinto, se o velho estica eu fico por cá 
Se tem má pinta, dá-lhe um apito e põe-no a andar 
De espada à cinta, já crê que é rei d'aquém e além-mar

Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar

Tiriririri buririririri, Tiriririri paraburibaie, Tiiiiiiiiiiiiii paraburibaie ...

A gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei
Mas há quem queira, deitar abaixo o que eu levantei
A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustem
Só nesta rusga, não há lugar prós filhos da mãe

Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar

Bem me diziam, bem me avisavam como era a lei
Na minha terra, quem trepa no coqueiro é o rei
A bucha é dura, mais dura é a razão que a sustem
Só nesta rusga, não há lugar prós filhos da mãe

Não me obriguem a vir para a rua gritar
Que é já tempo d' embalar a trouxa e zarpar

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